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quinta-feira, agosto 16, 2007

As Vacanssas do Sr. B.


Eis o relato, que me foi enviado por email, duma viagem, supostamente início de umas férias de um amigo.


Por achar incrivel, e com sua autorização, aqui está :


CRÓNICA DE UMA VIAGEM FALHADA (ou talvez não …)

6.Ago.2007-

Desloquei-me à Parede para fazer o seguro de viagem habitual, na convicção de que, quando estamos seguros, nada acontece. O local do mediador é um sítio danado, de difícil acesso e parco estacionamento.

Ao ver uma vaga no lado de lá do princípio da “rua”, tratei logo de a ocupar, fazendo marcha atrás junto ao muro .

Grande e preocupante estrondo : pum, catrapum e o carro deixou de se mover para sair do sítio.

Saí e constatei que afinal não era “rua”, mas sim um passeio quase sem rebordo do lado da estrada e que, do lado de dentro, por ter uma grade de esgôto, tinha no pior sítio ( onde eu caíra !) uns bons 20 cm. pelo menos.

Analisei a coisa e, depois de muitas manobras consegui safar-me sem mais estragos mas também constatei que havia uma grande quantidade de fundas cicatrizes nas pedras, causadas por outros carros que caíram no mesmo engodo.
Queixei-me do acontecido na seguradora e disseram-me que a maioria só saia dali com reboque.
Fiz o seguro e, ao chegar ao carro, ouvi o alarme a tocar desalmadamente, coisa que nunca acontecera antes, nestes três anos com o carro.

Não havia qualquer janela mal fechada nem qualquer razão para o disparo. Como estava perto de um electricista conhecido fui logo para lá mas estava encerrado para férias; fui a seguir ao que montou o alarme : a oficina estava aberta mas o técnico de alarmes estava já de férias. Nada a fazer. Que remédio senão arrancar no dia seguinte sem ter a certeza de poder confiar no sistema : ou não funciona de todo ou dispara por tudo e por nada.
E assim começou a série com estes dois “avisos “ .
7.Ago.2007-

Saí às 6 da manhã e, como tudo correu normalmente, cheguei muito cedo perto de Madrid e decidi dar um salto a Aranjuez, para rever. Mas antes disso, já em Espanha, ao tentar ver a autonomia (a luz dos mostradores é muito fraca) deparei com o seguinte aviso . NIVEL LIQ. ARREFECIMENTO ! Olhei de imediato para o ponteiro da temperatura, que estava normalíssimo,
mas como com estas coisas não se brinca fiz pelo menos 40 km a passo de caracol até encontrar uma gasolineira perdida nas famosas vias de serviço.

Não havia oficina mas comprei líquido e estive imenso tempo a aliviar o bojão até deixar de haver pressão; acrescentei um pouco e segui viagem sempre de olho no ponteiro; sempre normal.

De manhã, em frio, acrescentei até ao nível e cheguei à conclusão que, na revisão oficial de há um mês tinham sido aldrabões. Mas o descuido deles ainda deu para um susto razoável.

Depois de evitar Madrid, já perto de Toledo, ouvi pela rádio a informação de que um camião cisterna de leite tinha capotado à entrada da A.2- Barcelona, que era a que eu iria tomar ao voltar a Madrid para ir a Calatayud, onde reservara quarto. E que o engarrafamento era e seria monumental. Olhei o mapa novo que comprara (o velho e o GPS não se entendiam…) e decidi ir em frente por um trajecto ligeiramente mais longo mas evitando o anunciado engarrafamento de Madrid. Mas aí meti a pata na poça, porque o novo mapa era de uma escala diferente dos Michelin, o que, quando calculei “a olho” a nova distância a percorrer, resultou num erro de, pelo menos, mais 200 km ! Para agravar a situação, na zona de Teruel, que deve ser lindíssima pela brutalidade e forma estranha das rochas, desabou um temporal daqueles de meter medo, com chuva que nada deixava ver à frente do nariz, numa zona que normalmente já é de só 40 e 50 km. no máximo. Durou bem mais do que uma hora ! Para ajudar a navegação eram inúmeras as torrentes de lama e calhaus que atravessavam a estrada, vindas lá das alturas.
E, de repente, descobri que estava na estrada onde ficava o meu Hotel, que tinha tido dificuldade em localizar no Route.66 no computador ; ainda me ri, pensando que tinha valido a pena toda aquela volta a mais para ir parar direitinho à porta do H. Balneário, Paracuellos de Jiloca (N.234) .
Estava a preparar-me para um merecido chuveiro antes do jantar e liguei o Télé. que deu sinal de chamadas não atendidas, originadas do C. F. Preocupado, tratei logo de ligar de volta mas não tinha rede no quarto. Vesti-me e fui para a rua. Nada !

Fiz imensas tentativas, inclusive no telef. fixo do quarto, mas não consegui nada. Nem para o da J., o do C. F. e até o fixo dos Pais. Com isso, além da preocupação do que poderia ter acontecido, deixei de tomar a chuveirada e perdi a minha vez na “sessão” das nove para jantar.
Também, embora achasse o Hotel Balneário (incl. o meu quarto) extremamente quente e a cheirar a enxofre não tive tempo para reparar que havia ar condicionado no qto. e só era preciso ligá-lo !

Continuei as tentativas de ligação durante o jantar e finalmente consegui saber que o que o C. F. queria era autorização para ir a casa buscar a Play Station ! Haja Deus.

Uma das empregadas, ao ver os meus esforços, disse-me que o primeiro andar ( o do restaurante) era prácticamente o único sítio onde os Télés às vezes funcionavam.
Com tudo isto fui o último a deixar a sala de jantar já com a porta fechada. Passava muito das 11 h.
Pode-se dizer que estes estranhos“contratempos” foram mais sete avisos.
8.Ago.2007 –

Saí cedinho e encontrei bem a Opel na bagunça de Zaragoça, mas não tinham o que eu queria. Mais tarde evitei bem o caos de Barcelona e toca para a fronteira, para Perpignan, que já conheço de passagens anteriores ( + recentes em 2004 e 2005) e onde tinha quarto reservado.
Intenso movimento na A.E. até paragem completa durante quase duas horas. Motivo : um camião capotara e incendiara-se depois da entrada em Espanha e a coluna de fumo que já vínhamos vendo
há kms.(vide foto acima), mais a necessidade de facilitar a assistência, etc.etc.. obrigou ao corte das duas vias.
Quando finalmente se arrancou, as centenas de enormes camiões ocupavam as duas faixas da direita, deixando a da esquerda para os ligeiros, mais rápidos.
Resultado : taparam-me as indicações de saída para Perpignan e, quando achei que já era demais, era realmente demais e eu estava a caminho de Carcassonne , com pouca gasolina e poucas indicações de bomba à vista. Já ia muito longe a hora limite para a minha chegada ao hotel e eu estava cada vez mais longe.

Cinco ou seis tentativas falhadas para arranjar quarto, até que uma recepcionista simpática e prestável ( nem parecia francesa …) me conseguiu um, mesmo em Carcassonne.
Mas isto já é história de amanhã, porque hoje acaba com o quarto que não usei mas terei de pagar.
Mais dois avisos para juntar à lista.
9.Ago.2007 –

O quarto em Carcassonne foi onerado com um suplemento de €30.sôbre o preço de single (!!??), justamente por eu estar só ! o que deu naturalmente lugar a discussão. O fedelho teve o distinto toupet de me dizer que era prática corrente em todo o mundo !!?? ao que eu respondi que, se alguma vez tivesse tão longe como a Áustria, saberia que por €30.00 se obtêm um quarto infinitamente melhor que as velharias decadentes que alugam. Ora toma !

Quando chegara à noite tinha estacionado à pressa numa peq. praça frente ao hotel e junto ao rio ; confirmada a disponibilidade do quarto perguntei se o carro podia ficar ali.

Que sim senhor, pas de problème !

Não havia realmente qualquer placa e só a cancela, que estava aberta , tinha uma dizendo para não impedir passagem de ambulâncias, o que não era o caso.

Mas a verdade é que, quando fui pôr as malas de manhã, estava fechada e trancada. Arrumei tudo, verifiquei liqº. do radiador , limpei vidros e fui ao quiosque do turismo, mesmo ali, perguntar como sair. Recebidas as instr. fui para o carro e dei por falta da carteira; espiolhei tudo à volta do carro e acabei por ir ao hotel falar com a querida da recepção. Claro que não sabia de nada. Nem queria saber. Acabei por encontrá-la no carro, entre os dois bancos, porque o bolso das calças estava meio descosido e ela deslizou ao sentar-me . Do mal o menos, mas foi mais um quarto de hora de pânico !
Tomei então o caminho da saída, estreito e entre umas árvores e os diversos edifícios das autoridades “portuárias” que fiscalizam barcos de recreio e os dos passeios fluviais.

Na véspera, até às tantas, uma série de miúdos fartou-se de fazer um estardalhaço danado com os skates num passeio largo em frente ao Hotel mas, como hoje estavam lá os táxis, mudaram-se para a rua meio particular que me indicaram como saída do parque portuário.

Aconteceu então o caso que me fez decidir acabar com a viagem e voltar a casa: um dos miúdos que vinha largado a aproveitar a pequena descida atrapalhou-se, estampou-se e disparou um skate desgovernado em direcção ao carro.

Instintivamente guinei dentro do pequeno espaço disponível e bati com a parte debaixo da “saia” direita num calhau dos que rematavam os canteiros. O skate bateu ,ou no pneu ou na jante, porque não deixou marca, mas todo o guarda lamas ficou solto e pendurado até ao meio.
Encontrei pouco depois uma oficina onde ( um mecânico com unhas tão inacreditavelmente roídas que não tinham mais de 4 mm de comprimento) remediaram um pouco o aspecto e a segu-
rança.

Ainda perdi tempo a ir a duas Opel, que não dispunham de pessoal e, finalmente, uma terceira Opel arranjou tudo (menos retoque da pintura…) em menos de 10 min. e por € 8.40.
Com mais estes quatro avisos não tive a mais pequena dúvida em dar meia volta e regressar.
Admito que não tenho – se calhar nunca tive ! – pedalada para tanta “chatice” seguida e tanta tensão à espera da próxima pancada no toutiço. A verdade é que, nem juntando num único bouquet todos os últimos 50 anos de viagens variadas, consigo lembrar-me de qualquer coisa que se iguale, com a agravante de estas contrariedades estarem concentradas em dois dias ! Foram realmente paralelepípedos a mais para o meu carrinho de mão.
Carcassonne é certamente uma cidadezinha de grande riqueza histórico/medieval e, embora com tudo aparentemente bem conservado, quem me garantia que não me caía uma ameia em cima ( ou até uma inteira, com a sorte que eu tenho ! ) ou me deixavam fechado numa masmorra ? Nã !
Posteriormente, ao falar com a P. , já em Portugal, ela disse-me que havia grandes temporais e inundações exactamente no vale do Reno onde eu tanto sonhara ir.

Só faltava a cereja no bolo : a última noite em Espanha (sexta-feira) foi passada em Ciudad Real, que também tem muito que ver, mas que eu tive de deixar no sábado por causa das compras da pra-xe em Badajoz. Aconteceu que, no domingo de manhãzinha , poucas horas portanto após a minha partida, houve um terramoto do grau 5,5 justamente com epicentro em… Ciudad Real.

E, para conseguir estes famosos resultados, tive de fazer 3.551 kms!

Para o ano… se calhar já não há mais !

Algés, 12.Ago.2007.

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