rrras-te-parta

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sábado, abril 28, 2007

É a 3ª Idade!


Acabei de ler na Sebenta um post que me deixou fora de mim, já há muito tempo, vide data, que não me enfurecia asssim ( 3 sss?).
Falava ela (?) da idade 3ª...que sabe ela das dores matinais, do arrastar até à casa de banho, (sem olhar para o espelho, ai o espelho...!), do tentar calçar umas calças sem ter de se encostar ao armário e as meias serem um tormento e um risco de cairmos no chão desamparados, das conversas com o gato na solidão da sala onde se espera a telenovela da noite, que ras-parta é sempre à hora da outra e em cima da do fim de tarde que só acaba à hora do enfastidioso telejornal...(só desgraças, só desgraças...).
Só faltaram as florzinhas e um hino à juventude dos setenta.
Pois os setenta são uma merda...eu sei, tenho setenta e quatro, para além das dores matinais há as da tarde , do entardecer e as da noite.
fala-se com o gato todo o santo dia, que não há ninguém com pachorra para ouvir as queixas, que são muitas...pudera, as dores também.
Olhamos o nosso corpo e parece-nos que não nos pertence, aquela que vemos, quando temos coragem para a olharmos ao espelho, não somos nós.
Aquela tem, pelo menos, dez quilos a mais, uma barriga de grávida proeminênte (minha mãe tinha uma dúvida existencial àcerca: onde metem elas a comida que comem?) rugas aqui e além, e mesmo que tenhamos tido a coragem de deixar de pintar o cabelo, ele não pertence ao rosto de que nos recordamos.
Estamos portanto, mais gordos, mais doridos, mais enrugados, mais amargos, mais desiludidos e sem esperança...tudo o que se possa dizer de outra maneira é pura literatura.
É dramático, o desejo escasseia e o sexo dá trabalho que não compensa, relatos de uma boa vida por quem tem setentas é como assobiar para o lado em situação de perigo.
Falei!...e se nos dizem que temos muita energia e etc. e tal, haviam de nos ver quando despimos o espartilho da frontaria e todo o corpo cai de maduro...